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Devaneios Menstruados

Tudo o que aqui escrevo é real, por vezes um pouco exacerbado, outras vezes floreado. São os meus devaneios menstruados, as minhas histórias de vida, o emaranhado de cabos que forma a minha mente!

Devaneios Menstruados

Tudo o que aqui escrevo é real, por vezes um pouco exacerbado, outras vezes floreado. São os meus devaneios menstruados, as minhas histórias de vida, o emaranhado de cabos que forma a minha mente!

O Último Reduto do Campista Tuga!

Finalmente de férias! Somos invadidos por aquela suposta paz e o famoso sossego com que sonhámos, pelo menos, no último mês… Os primeiros dias são de bezerra total e começam os planos para irmos acampar. Não queríamos a confusão habitual dos parques de campismo perto da praia, temos de respeitar a “velhice”, a idade que já não temos e a vontade de estarmos num sítio calmo e sem caos.

Carregámos a carrinha com tudo o que não usávamos para acampar ao longo da adolescência. Nessa altura apenas precisávamos de uma mochila e de uma tenda… Agora preocupamo-nos em levar roupa quente (essencial para a noite), comida além das habituais latas de atum e salsichas, papel higiénico, e cenas e mais cenas e mais cenas…

Decidimos rumar ao Alentejo, até à bela localidade de Avis. Para evitar portagens vamos pela nacional, são só 157 km até lá. Um tirinho portanto… Ou… Não!

Começa a saga da falta de placas assim que chegamos a um cruzamento ou rotunda. Demorámos três horas e meia em vez de duas, isto porque o piloto tem um sentido de orientação bem bom! (já a copiloto por algum motivo tem a fama de ser perita em perder-se em estradas nacionais. O meu record pessoal: nove horas e meia a fazer o percurso Lisboa-Porto). A viagem, debaixo da torreira do sol, deixou-nos derreados e só queríamos montar o estaminé e relaxar. A rececionista do parque foi o primeiro sinal de que a estadia prometia… E muito! Entrámos e ela pintava o seu livro de mandalas com um lápis cor-de-rosa. Atendeu-nos com uma simpatia extrema e depois de infindáveis explicações sobre o parque lá seguimos para o nosso spot.

Começámos a perceber que somos campistas desatualizados… Atirámos a tenda ao ar e em dois segundos percebemos que a nossa tenda é old school. Temos de abri-la, colocar armações, esticá-la e espiá-la ao chão à martelada, mas o espírito é mesmo esse! Certo? Ainda usamos candeeiro a pilhas e botijas de gás daquelas azuis e ferrugentas da Campigaz nas quais se enrosca o bico para cozinhar (segundo sei, hoje em dia são de encaixe e descartáveis – é a evolução…). Nas tendas ao lado da nossa existia eletricidade, televisões, frigoríficos, gambiarras e toda uma parafernália de cenas que pouco invejas (há exceção do frigorífico para manter as jolas fresquinhas!).

Decidimos ir dar um mergulho à praia fluvial lá do sítio, já eram quase sete da tarde, mas o calor não nos permitia fazer absolutamente nada a não ser pensar

em água e mais água e um cigarrinho lá pelo meio. Pomos as toalhas diretamente nos calhaus e vamos à água. E que bela água verde escura repleta de bicharocos! Entrámos de chinelos sem ver o fundo, a cabeça começa a funcionar quando vês bolhinhas a vir à tona de água e sabes que nenhum dos dois soltou gás algum… Saí e ele continuou dentro de água, enquanto eu na toalha combatia um regimento de formigas (na realidade eram só umas dez) e uma aranha, daquelas pretas e gorduchas, que teimava em fazer corridas loucas entre as minhas coxas e o meu respetivo e querido pipi. Olhei com mais atenção para os meus pés… Larvas!!! Pequenas larvas sugavam os meus pézinhos…Gritei, ele saiu de dentro de água e… Começaram as gargalhadas e as piadas com a bicharada. Decidimos secar-nos e voltar à tenda.

A fome apertava e percebemos que o nosso queijo de barra, que estava dentro daquela tenda quentinha, é agora queijo fundido! Os sinais do que aí vinha começavam a surgir… Dormimos tranquilamente.

Acordámos todos partidos e às dez da manhã já estavam quarenta graus! Decidimos ir tomar o pequeno-almoço à Casa do Benfica. Uma mini e uma sandes de queijo e presunto com o Tom Tom como nossa companhia. O Tom Tom é o gato visgolho lá da terra que não descansa enquanto não comer um bocadinho da tua sandes!

No regresso percebemos que íamos ter vizinhos mesmo ao lado. Um casal na casa dos sessenta, com pronuncia do norte, munidos de várias canas de pesca e de tudo o que um campista daquela idade tem direito! No meio das montagens da tenda dos vizinhos decidimos ir à piscina, estavam uns 43º e depois da experiência de praia no dia anterior ninguém me voltaria a ver por um pézinho naquela água. É segunda-feira… Dia de fecho da piscina! E lá fomos nós aos duches do parque só para refrescar a moleirinha. Voltámos à tenda e reparámos que chegaram crianças… Muitas crianças… Segundo percebemos uma equipa de Ludo de mais ou menos cem putos!!! Isto prometia… Tanto mas tanto…

Vamos ao Clube Náutico lá do sítio e pedimos umas médias e uns caracóis. Rapidamente começou algum alarido na esplanada… Uma senhora foi picada por uma vespa e percebeu que o vespeiro estava debaixo da mesa. Apareceu o empregado de faca de sobremesa em riste e vai direito ao vespeiro. Nunca tinha assistido a um esfaqueamento de vespas! O festim continuou e o colega tentou demove-lo da loucura de esfaquear vespas:

─ Domador de Vespas o que é que estás a fazer?

 Nã sã vespas.  abêlhas!

─ Está a tentar esfaquear as vespas? Nunca tinha visto tal coisa! – disse-lhe a mulher que tinha sido picada minutos antes.

Tentámos manter as gargalhadas retidas, mas elas teimavam em querer sair desalmadamente das nossas bocas. Achámos por bem voltar à tenda…

Os nossos vizinhos já tinham voltado da pescaria e ouvia um “ffff, fffffff, fffff” dentro da tenda. Ele diz-lhe cá de fora:

─ Ó mulher anda lá. Estás aí há tanto tempo a dar à bomba!

Percebemos que ela estava a encher o colchão como se não houvesse amanhã. A noite prometia forrobodó! Ele entra na tenda, deita-se e emite uns gemidos marados. Ela solta risadinhas que prometiam festa da grossa. Ele diz-lhe algo e ouve-se a resposta dela:

─ Ó Ome chega-te para lá! Eu não preciso de tusão nenhum!

Apertámo-nos, mais uma vez, para não rir desalmadamente. E nem dois minutos depois o casalinho roncava em alto e bom som, deixando para outra noite o fornicanço old school.

Quando tudo parecia mais calmo os putos do Ludo decidem ir fumar cigarrinhos às escondidas e vangloriarem-se dos seus atos loucos da adolescência com aquela voz de carneiro mal morto. Aquela fase da mudança de voz em que não somos carne nem peixe e as borbulhas repletas de sebo se apoderam da nossa cara toda!

O meu mais que tudo decide ler um livro enquanto eu rabisco os episódios do dia e trauteio uma música da Whitney Houston (efeitos secundários de muito sol na moleirinha) ao som do aspirador que uma dondoca decidiu utilizar duas tendas ao lado da nossa.

Entrámos no terceiro dia e a cabeça só pensa em piscina. Vamos à casa de banho e tentamos que a pele não toque um milímetro da sanita, o que equivale a um agachamento digno de umas horas de ginásio e ao gasto de pelo menos um rolo inteiro de papel higiénico entre forrar a poltrona e limpar o rabinho. Passamos pela tenda do senhor que prepara o lume às nove da manhã para o acender perto das oito da noite (cada um com a sua mania…) e vamos até á desejada piscina. Limpinha e imaculada neste primeiro dia! Uma tarde bem passada a observar uma criança a espalhar protetor em si mesma enquanto o seu pai lhe diz com acentuada pronúncia do norte:

─ Oube lá! Mas tu pensas que estás a barrar manteiga no paúe?

Mais uns mergulhos que nos refrescaram o corpo e a mente antes de irmos ao Clube Náutico para mais uns caracóis e a saga número dois. Como tinha o bikini molhado tirei a parte de cima e enrolei-me num paninho daqueles da moda! Depois de petiscarmos pensei que me tinha esquecido do bikini no balcão do café. Fui ter com o empregado e perguntei:

─ Por acaso não deixei aqui a parte de cima do meu bikini?

O que originou que a criatura olhasse imediatamente para as minhas gémeas (a Maria e a Albertina, carinhosamente apelidadas por mim).

Voltámos para a tenda e os nossos vizinhos alimentavam o debate sobre a pescaria. Ele dizia:

─ Fui ali perguntar ao bizinho (neste caso duas tendas mais para o lado) qual era a diferença entre um cágado e uma tartaruga. Ele disse que se não tiver um rabo na parte de trás da carapaça é tartaruga e se tiver é cágado. Olha fouda-se… Para mim cágado e tartaruga é tudo a mesma merda!

Mais umas gargalhadas contidas da nossa parte e preparávamo-nos para comer qualquer coisa e descansar… Um cão começou a ladrar e ouviu o seu eco, o que originou que ladrasse mais umas dezenas de vezes e se juntassem a ele mais dois ou três cães numa ladradeira desenfreada! Tentámos dormir, mas as dores nas costas e nas ancas começavam a tornar-se cada vez mais intensas e o casal da tenda ao lado não dava descanso com as tentativas frustradas de festarola sexual.

Acordámos… Erámos para ficar mais um dia na torreira dos quarenta graus…

Fomos à piscina onde estavam cem putos… Desmontámos a tenda e bazámos!

 

 

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